Análise de 'Não posso adiar o amor', de Antônio Ramos Rosa
Imagem do Google Images |
"Não posso adiar o amor", Antônio Ramos Rosa
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas
Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração.
Destaca-se
no texto de Antônio Ramos Rosa a ideia de aprisionamento, evidente na
construção do poema. O eu lírico apresenta-se lutando todo o tempo para viver o
momento que lhe fora usurpado. A urgência de viver o presente se impõe e, com
isso, nota-se na voz poética uma resistência aos obstáculos encontrados.
Percebe-se no eu lírico, uma imensa disposição de lutar para não ter sua voz
silenciada.
Como em
toda leitura, existem variadas interpretações. Em uma delas, o poeta não se vê
capaz de adiar seus sentimentos e precisa expressar, no agora, o que ele vive e
sente. Percebe-se uma voz poética que está sendo censurada pela repressão
fascista, mas não quer ser silenciada. Nada poderá impedi-la de soltar seu
grito diante do momento que está sendo vivido. O poema é um compromisso amoroso
com a liberdade, nada poderá adiar o coração: o medo de possíveis torturas, do
exílio, dentre outras opressões. O poeta
não pode adiar para amanhã seu
grito de libertação e luta. O poema canta o amor verdadeiro, a liberdade incondicional,
vocação inegociável do ser humano.
Rafaela Falcão
0 comentários