MINI CONTO (ou poema em verso): 'Vermelho', de Mônica Santos
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Vermelho
Era um dia quente. Dia daqueles em que um rapaz poderia dizer a uma moça que para: “Não te parece insuportável essa canícula?”, confundi-la com tal palavreado e fazê-la passar. Não queira, aos poucos avocabulados, parecer ultrapassado! É época de construções que se gloriam de tão à frente, moço! Edificações que ― se a intenção é transportar à futuridade ― alcançam de certos visionários a antecipação de seu fim em ruínas. Imponente esta é, não tanto pela beleza discutida, mais por tal enormidade: presente enaltecido de um tempo que se intitula moderno aos contemporâneos e aos pósteros.
Nela, subia um balão vermelho tão tímido, que não fazia crer chegar ao topo. Vacilava, girava, alteava, estacava. Hipnotizante. Cativante. Invisível. Ele subia e seguia.
... subiu...
... subiu...
... subiu...
... subiu...
A determinada altura decidiu parar. Não se sabe ao certo se cansado da subida ou se ali mesmo queria, desde o começo do trajeto, encostar. Sim, na verdade, a cada pouco que subia, parava um pouco mais. Suspeito demorava-se a olhar... Estaria a procura em seu itinerário? Estava! Encontrou, ali ficou e ali morreu. Agora, aquele balão vermelho é um segredo. Quem o viu deveria contar? Quem viu? Azul?
(Janeiro de 2018, Mônica Santos)
1 comentários
Mônica, amei! Parabéns!
ResponderExcluirBeijos, manu