POESIA: 'floresta', de Felipe Mattos do Carmo

by - março 12, 2021

 

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floresta


em campos verdes, eu andei
com os meus pés descalços.
coelhos e flores rodeiam meus dedos
no sol saturado da tarde.

ventos em minha cabeça
cervo branco na frente da floresta
olhar de íris a correr para dentro
é caminho na escuridão da mata

não mais nada atrás de mim
uma flor colorida no meio do breu
toque da mãe das árvores,
um suspiro do mais velho da floresta.

vou a me guiar com flores iluminadas
em minha mão esquerda.
vou me entrando entre os galhos
em minha mão direita.

o grito da menina que perdeu o ovo
de ouro leva-me ao lago.
sento e vejo um espelho em minha
frente
o cisne passa, some e um pássaro surge
a voar.

devo estar há léguas de casa,
um caçador encontra-me sentada no
lago,
segura a minha mão e leva-me embora
deitamo-nos na árvore frutífera do
inverno.

enamorei o céus ao teu lado,
quando um clarão branco do alto
distrai-me minha vistas e dos coelhos
e eu parecia encantada com tua paixão.

o lobo preto surge e assombra-nos.
tu mandaste-me correr para dentro,
eu perdi-te ao ir tão longe,
nem o cervo branco havia de estar.

escondida entre raízes,
um moço que passava me chamou
e disse saber onde estava a saída
e o caçador a quem me apaixonei.

a casa da árvore caí sob meu corpo,
desesperada de medo
e o mentiroso some.
sementes caindo pelo chão da floresta.

todos os animais me cercam
fadas me carregam até próximo deles.
o cervo branco reaparece e volto
o sol saturado da tarde.


                                       Felipe Mattos do Carmo

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