POESIA: 'Concussão', de Ana Gabriela da Fonseca Mano

by - abril 21, 2021

 

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Concussão

me diz por onde começar
ou qual das linhas é a mais tênue
no meio de toda essa bagunça
com cheiro de perfume doce
sorrio, calo, beijo, danço
respondo perguntas repetidas
peço respostas que já sei

é amarga a sensatez
inimiga dos apaixonados
me reviro inteira
te reviro os olhos
frente, verso, meio, lados
suas hipóteses determinadas
contrastam meus singelos fatos

eu passaria horas desse jeito
discutindo dores e o porquê
dando o braço a torcer
torcendo pelo sim
talvez, depois, não! diz você
falando com os olhos
olhando sua boca

minhas palavras engasgadas
têm o gosto do seu hálito
a harmonia das suas cores
a inquietude das suas dúvidas
calmas, tristes, alegres, úmidas
nossas pernas se embolam
na dispersão dos nossos receios

seu sorriso me puxa
como lua movendo maré
um deslize e eu te conto
com a fala gaguejada
dedo, toque, arrepio, cafuné
faço do Quase o suficiente
perdida na graça de viver presente

me acho no toque da sua pele quente
declarando amor por acidente



                                 Ana Gabriela da Fonseca Mano

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