POESIA: 'Mariana', de Felipe Mattos do Carmo

by - abril 14, 2021

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Mariana

Letras perdidas no amor,
papéis escorridos de dor.
Enganada pela lábia, desgraçada
e abandonada na própria prisão.

Acreditava-se de que só havia
uma paixão para toda vida,
mas envolveu-se em outros
lençóis de Portugal.

I
Esqueceu os convites do Barão
do Baixo Alentejo e chorou,
quando ele havia se esquecido
num matrimônio.

II
O Capitão do Mar, perdido em terras,
convidara-me de dançar na festa da vila.
Os detalhes e os lábios foram perdidos
ao nascer do sol.

III
O Fadista da cidade vizinha,
tocou todas as notas da guitarra,
do coração a água que os cobriam,
assim que a primeira onda o levou.

IV
O Contador de Estrelas encontrou-a
caída nos paralelepípedos, abraçou,
jurou as mais lindas das histórias
e a realidade virou ficção.

V
Os lábios foram entregues ao Nômade,
estendidas na vista das estrelas.
No raiar do sol, o lençol, a partida
do adeus mudo.

VI
Na última festa da vila, o Letrista
escrevia como amava-a e deu-lhe
a poesia do toque das mãos e das bocas.
Borrou apenas o último parágrafo do verso.

VII

Um Perdido batia à porta do convento,

trocaram prosas apaixonadas no refeitório

e ofereceu-lhe o último copo d´água

até derramar tudo no chão.



                                       Felipe Mattos do Carmo


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