Saudade
Há dias em que sinto tua falta.
Corrói, machuca, entro em delírios.
Quando quero fugir, faz-me rir
Quando acordo de tudo, faz-me chorar.
E pensar que até ontem, eu e tu estávamos
juntos em um só lugar, em um só coração.
Eloquentes em nossas paixões, doçuras,
amarguras, serenas, conturbadas.
É incrível imaginar que não há um dia
em que não me lembra daquele sol das cinco,
da escuridão que leva-me só ao abrigo
ou nas vezes em que nós fugíamos do óbvio.
A ponteira gira e o Cronos parece não se importar
com o que há em nossos sentimentos.
Passam como aquele rio em que eu ficava sentada,
a contemplar todas as poesias surgidas dali
E que hoje eu paro e pergunto-me: o que foi de nós dois?
Aonde foram todas as nossas histórias?
As três badaladas do sino da Igreja das seis da tarde,
a chamar-me por nossas sílabas e nossos nomes...
...Eu devo estar em devaneios ao pensar que voltaríamos
de onde tudo parou e... Talvez... Não sei...
Escrever-te uma carta faz-me lembrar dos velhos tempos,
das horas a serem escritas em versos.
Ouvir dizer das palavras de um fidalgo
de que a saudade é um sol frio e todas as memórias
são como os ventos que ficam a passar por nossas vidas,
uns mais rápidos e outros a tornarem-se tempestades.
E passa mais um outono a lembrar somente de nós.
Felipe Mattos do Carmo
0 comentários