POESIA: 'Saudade', de Felipe Mattos do Carmo

by - maio 31, 2021

 
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Saudade

Há dias em que sinto tua falta.
Corrói, machuca, entro em delírios.
Quando quero fugir, faz-me rir
Quando acordo de tudo, faz-me chorar.

E pensar que até ontem, eu e tu estávamos
juntos em um só lugar, em um só coração.
Eloquentes em nossas paixões, doçuras,
amarguras, serenas, conturbadas.

É incrível imaginar que não há um dia
em que não me lembra daquele sol das cinco,
da escuridão que leva-me só ao abrigo
ou nas vezes em que nós fugíamos do óbvio.

A ponteira gira e o Cronos parece não se importar
com o que há em nossos sentimentos.
Passam como aquele rio em que eu ficava sentada,
a contemplar todas as poesias surgidas dali

E que hoje eu paro e pergunto-me: o que foi de nós dois?
Aonde foram todas as nossas histórias?
As três badaladas do sino da Igreja das seis da tarde,
a chamar-me por nossas sílabas e nossos nomes...

...Eu devo estar em devaneios ao pensar que voltaríamos
de onde tudo parou e... Talvez... Não sei...
Escrever-te uma carta faz-me lembrar dos velhos tempos,
das horas a serem escritas em versos.

Ouvir dizer das palavras de um fidalgo

de que a saudade é um sol frio e todas as memórias
são como os ventos que ficam a passar por nossas vidas,
uns mais rápidos e outros a tornarem-se tempestades.

E passa mais um outono a lembrar somente de nós.


        
                    
                                       Felipe Mattos do Carmo

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