POESIA: 'Ventre vazio', de Aline Sohn
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Ventre vazio
No meio da tarde de outubro
penando em dor
Lá vem me dar a notícia
De surpresa me pegou
E ali digerindo o inesperado
Em meio a negação
Um fruto era gerado
Nunca quis ganhar esse status
Medo, muito medo
Com a certeza incerta do próximo passo
Tentei ponderar junto a ele
E também junto aqueles que chamo família
Novamente uma surpresa
meu destino foi selado
Ninguém quis saber do meu sentir abalado
Abafaram minha voz
E logo silenciariam aquela semente
No caminho não sentia nada
No destino final só o frio
Medo, muito medo
Hesitei em dar qualquer outro passo
Mas ao meu lado ela não deixara que desistisse
Passei aquela porta divisor de águas
Entrei preenchida
Fui apagada, amarrada
Acordei sem alma
Nem alívio de ver um rosto conhecido
E depois daquele dia
Carrego comigo a lembrança das batidas aceleradas que eu nunca conheci
Meu coração despedaçado
O ventre vazio
E toda vez que vejo a história se repetir
O choro me lembra o sabor amargo de existir
Aline Sohn
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